A linguagem da Moralidade-Seções (4- 5 )

Gap Filosófico [Decodex)
2 min readJul 21, 2023

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Primeira dissertação

Etimologia do bem e do Mal

Na Seção 2 Nietzsche segue com esta parte importante de sua investigação genealógica, ou seja, uma análise etimológica de palavras morais em culturas e línguas anteriores.

Ao contrário de outros tratamentos históricos que presumem falsamente significados mais atuais de termos morais, Nietzsche insiste que as palavras antigas sejam nossos primeiros “dados” históricos, e aqui ele encontra confirmação para sua tese alternativa.

As primeiras formas de linguagem moral disponíveis para nos mostram que “bom” e “mau” denotam de fato associações hierárquicas de superioridade e inferioridade.

Ele cita o exemplo da palavra alemã schlecht (ruim) que originalmente carregava conotações de puro e simples, em contraste com qualidades nobres.

Outras etimologias também confirmarão essa distinção, e Nietzsche chama essa abordagem linguística de “uma visão essencial da genealogia moral” (4).

Na Seção 5 Nietzsche se volta para o grego e o latim para uma confirmação adicional de sua tática etimológica, que mostra “que nessas palavras e raízes que denotam ‘bom’, muitas vezes podemos detectar a principal nuance que fez os nobres sentirem que eram homens de “classificação superior”.

Além das associações típicas com poder físico e riqueza, a bondade também nomeava certos traços de caráter, como veracidade e genuinidade (na palavra grega esthlos), que se opunham à falsidade das pessoas comuns.

A palavra grega para “bom” era agathos, que originalmente significava bem-nascido, rico, corajoso e capaz.

Nietzsche observa que, mesmo com o declínio da aristocracia grega, agathos manteve um sentido de “ nobreza espiritual” evidente no uso contínuo da palavra kakos (mau) para significar fraco, feio, covarde, sem valor.

A força da análise etimológica de Nietzsche nos leva a perceber que os primeiros sentidos registrados de “moralidade” exibiam graus seletivos de hierarquia performativa, social e psicológica, formas de estratificação e poder que de muitas maneiras são moralmente questionáveis, se não imorais, por medidas modernas.

Nietzsche agora começa a abordar a questão de como, e sob quais condições, um senso moral aristocrático original veio a ser suplantado por normas contrárias.

4. Para um exame perspicaz da relação mestre-escravo e uma resposta crítica, consulte Robert C. Solomon, “One Hundred Years of Ressentiment: Nietzsche’s Genealogy of Morals”, em Schacht, ed., Nietzsche, Genealogy, Morality, pp.–.

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