MAQUIAVEL E O MAQUIAVELISMO

Gap Filosófico [Decodex)
3 min readApr 30, 2020

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Os fins justificam os meios, apesar desta frase ser atribuída erroneamente a Maquiavel, não dá para deixar de relacionar o conteúdo simbólico desta frase com a perspectiva doutrinária do próprio Maquiavel. Não podemos deixar de considerar que Maquiavel é um dos filósofos Políticos mais famosos, embora sua fama seja carregada de aspectos considerados negativos. Outrora para os leigos, Maquiavel e sua “filosofia” são sinônimos de astúcia perniciosa, ardil enganosa e outras considerações do tipo. Maquiavel tornou-se o símbolo do mau político astuto, pernicioso, violento e mau caráter, todavia, quando se estuda sua obra com devida compreensão e com a devida noção e perspectiva histórica observa-se que sua má fama se manifesta de certo modo, injusta, pois o que ele pretendia seria uma prática comum, compactuada pela moral de sua época, do ato de governar. O que lhe diferenciava era sua vasta ampla e aguçada inteligência, além de a sua coragem de externarlizar o que quase todos descreviam como uma prática política de seu tempo e que de algum modo ainda perdura. Antes de se entrar na doutrina do mesmo
é imprescindível entender que palavra “Virtù “que aqui não poderia ser traduzida como “virtude”, como uma aparente semelhança sugere. Logo não seria apenas, e nem necessariamente, “virtude” no sentido moral como em Aristóteles que equivaleria ao bem viver ou aos bons hábitos ou bons costumes. Virtù em Maquiavel é a rara capacidade inata que poucos tem e que, não por mera coincidência, acabam tornando-se líderes em seus segmentos. Possuir a “Virtù” seria ser capaz de conhecer as circunstâncias e propiciá-las favoráveis aos seus próprios interesses, mesmo que a princípio seja extremamente complicado. Para isso se faz necessário que o homem de “Virtù” use da liberdade que todo homem possui, ou deveria possuir. Ou de outro modo, que tal indivíduo liberte-se dos temores supersticiosos inculcados pela religião, por regras sociais parâmetros morais e/ou por tantos outros motivos que a vida social nos impõe. Pois nesse sentido é necessário que ele se livre do pudor que estas mesmas regras sociais ou morais possam nos impor e a partir disso reverta a determinada situação ou contexto a seu favor .
Não se trata também de um tipo de audácia, pois neste sentido a reversão de uma situação desfavorável implicaria diretamente em uma total desconsideração pelos interesses alheios ao objetivar esta reversão ou seja indiferença total. Pois “Virtù” é, então, a soma de perspicácia, audácia, inteligência, desfaçatez, hipocrisia, menosprezo e, até, violência. Este apanhado choca os mais sensíveis de fato, mas que não chega a ser algo novo para aqueles que conseguem enxergar a real natureza humana segundo Maquiavel. Porém nada disso seria o suficiente se o indivíduo com estes atributos não for escolhido pela sorte ou destino para exercer estes atributos em determinado contexto.

MAQUIAVELISMO

Aquilo que se entende como maquiavelismo em termos de sistema político busca estabelecer os regras que deveriam ser intuídas pelos governantes, para fomentar normas e padrões numa base estrutural solidificada e duradoura, Maquiavel recorre à experiência de alguns Povos. Dito isto, o Maquiavel é considerado um dos criadores daquilo que entendemos hoje como “Ciência Política”, pois ao focar nos fatos políticos em si, sem considerar as questões morais e sem emitir julgamentos, Maquiavel elevou o estudo desta área. Todavia entendemos que a importância do estudo de Maquiavel nessa área se dá pela originalidade de perspectiva de modo original e impetuoso, aquilo que entendemos como um manual para uma orientação de uma governança implacável poderia ser, isso se nos dermos o benefício da dúvida e considerarmos a genialidade de Maquiavel muito além daquilo que possamos compreender como uma possível crítica e de modo não convencional dos sistemas governamentais de sua época vigente, isso como possibilidade diante da genialidade de Maquiavel que com certeza era um indivíduo visionário para o seu tempo.

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