Gap Filosófico [Decodex)
4 min readJun 25, 2021

Por uma Revolução e Transvaloração Pernambucana dos valores

  • A Revolução Pernambucana trouxe para o Brasil os ideais do Iluminismo, sintetizados na tríade de valores: liberdade-igualdade-fraternidade. Foi a bandeira que guiou a Revolução Francesa, logo após ter inspirado a constituição norte-americana.
  • Em nosso solo o Iluminismo foi derrotado na Revolução de 1817 e, desde então, tais valores têm encontrado resistência para penetrar e vingar na nossa cultura. Até se pode dizer que a liberdade é cultuada pelos brasileiros, mas não se pode falar o mesmo da igualdade e da fraternidade. Para embasar a discussão desses valores trazemos dois pensadores que se aprofundaram na análise: Nietzsche e Frankl. Destacamos que o filósofo Friedrich Nietzsche (1844–1900) observou que é comum o ser humano, procurando razão para viver, terminar perdido. Talvez por isso concebeu o projeto de transvaloração dos valores.
  • O psiquiatra Viktor Frankl (1905–1997) criou a logoterapia, psicoterapia do sentido da vida. Frankl disse que as pessoas não encontram o sentido existencial pronto em si. Devem buscá-lo no relacionamento com o mundo e isso ocorre sob três formas: quando se voltam para receber algo de alguém ou do meio em que vivem; se dedicando à realização de alguma coisa; ou quando estão sofrendo, mas enfrentam a situação difícil com altivez, procurando vencer a dor. Em síntese, para o médico são três os caminhos para o homo sapiens encontrar sentido na vida: recebendo amor, realizando um trabalho ou lutando com um problema.
  • Frankl concordou com Nietzsche, quanto à conclusão do filósofo, que o sentido e os valores tradicionais entraram em crise, a partir da modernidade com a sua ciência. Para o psiquiatra, a alternativa é o diálogo das pessoas com a consciência, cada um por si procurando o sentido da vida aqui na Terra, participando e interagindo com sua comunidade, mas sem aderir a rebanhos ou coletivos ideológicos. Para a logoterapia Deus pode nos ajudar a encontrar sentido na Terra.
  • Desde que, estejamos sempre num solilóquio com Ele, pensando em como seguir na vida, tomando decisões com liberdade e em cada ponto da caminhada — embora sem a certeza de uma resposta absoluta. Contemporaneamente acreditamos que, passados mais de dois séculos da emergência valorativa iluminista, se impõe a crítica, ressaltando que este foi outro valor semeado naquele tempo. Frankl notou que a liberdade, com a ruptura do sentido que era dado pelas religiões tradicionais, se tornou muito significativa para as pessoas. Mas, a liberdade passou a ser percebida como um valor em si, então, para Frankl, precisando de um contraponto forte.
  • Foi por isso que ele defendeu a máxima conscientização do ser humano para o valor responsabilidade. Foi Nietzsche quem verificou a ausência de contrapontos também para a fraternidade e a igualdade. O filósofo do Zaratustra tratou do mandamento da fraternidade — agir com os outros como gostaríamos que agissem conosco –, mas verificou que a tradição cristã se engana, ao considerar que o mandamento já está nela e no homem religioso. Nietzsche ademais notou que não dar atenção às necessidades pessoais é um mal para as pessoas. Seria um erro a pregação de agir pensando apenas nos outros, esquecendo as próprias carências. Há que se ter equilíbrio e observar que, ao fazer o bem, estamos considerando intrinsecamente também a nós. Adicionalmente, o filósofo do martelo criticou a pregação da igualdade, a todo custo.
  • Semelhante à fraternidade, refletiu que é uma ilusão de alguns movimentos. Para ele, a igualdade existiria só como vontade em tábuas morais criadas pelos homens. Talvez, até hoje, Nietzsche não seja compreendido sobre a sua fala quanto à igualdade. Muitos pensam que ele pregou a desigualdade, quando pode-se perceber que o filósofo contrapôs, à igualdade, o valor ‘diferença’. Já Frankl ressaltou que naturalmente a nossa espécie, auto transcendente, é diferente entre si, ao contrário dos outros animais, que têm grande similaridade comportamental. Sendo auto reflexiva e tendo uma linguagem crítica, a pessoa humana não é um simples elemento integrando um rebanho. Ao endossar este Manifesto acredita-se que chegou a época de valorizar também os contrapontos do iluminismo: liberdade, mas com responsabilidade; igualdade, mas com diferença; fraternidade, mas com autoconhecimento. Tempo no qual deve-se pensar mais na Terra do que no Céu, com o ser humano aprendendo a dialogar com a sua consciência, com os outros e indo além de si. Também buscando o sentido da vida no amor, no trabalho ou no enfrentamento das dores existenciais. E sempre considerando que, em qualquer situação, o valor máximo é a vida.
  • Caso concorde com a nossa proposta de manifesto social assine nossa petição

Por uma Revolução e Transvaloração Pernambucana dos valores (avaaz.org)

Link da nossa primeira live no youtube ; 25/06/2021 / 19 horas

https://www.youtube.com/watch?v=OCVL67pJrSU

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